Um palestrante francês participou de uma grande convenção sobre educação superior Brasil e o tema de sua palestra foi “Como ensinar um gato a falar em francês”. A estória conta que essa era a palestra mais esperada de todo o congresso e os murmurinhos do evento giravam em torno deste assunto. Todos tinham enorme expectativa em ver o gato falando em francês.
Chegado o momento, o palestrante franzino, magrelo, já curvado pelo peso da idade, e vestido ao estilo D’Artagnan, fez uma extenuante palestra, enriquecida com infindáveis slides contendo milhões de palavras e gráficos que justificavam sua teoria. Foram os mais longos 72 minutos da vida das pessoas que lá estavam. Era um exercício de prática avançada de mindfulness manter a atenção por mais de 5 minutos, mas ninguém arredou o pé do auditório lotado. Todos queriam ansiosamente ver o gato falando francês.
Ao final, o palestrante agradeceu e começou a se retirar. Neste momento, todos os participantes em coro, gritaram: “E o gato? Queremos ver o gato falando em francês!” Então o palestrante retorna ao microfone e fala em voz baixa e mansa: “Desculpem senhores, mas o gato não aprendeu!”.
O que aprendemos com isso? “Se o foco estiver no ensino, você não garante a aprendizagem. O educador que sabe realmente ensinar é aquele que se preocupa com o como os educandos aprendem”.
Mas o que significa ser hábil em aprender no atual momento das organizações?
Qual é o tipo de aprendizado que as organizações precisam?
Entendemos que o aprendizado também está sofrendo uma modernização. Aprender na atualidade e para o futuro, é diferente do que já foi e essa capacidade será um dos pressupostos na diferenciação de quem é talento e quem é commodity.
A capacidade heurística pode ser descrita como a arte de descobrir e inventar ou resolver problemas mediante a experiência (própria ou observada), somada à criatividade e ao pensamento lateral ou divergente. O termo Heurística tem origem grega, significando “encontrar” ou “descobrir“. Tem a mesma origem da palavra Eureka, que significa “encontrei”.
A capacidade heurística é requerida principalmente quando um problema a ser encarado é por demais complexo ou traz informações incompletas. De forma inconsciente é praticada sem que muitas vezes os indivíduos se deem conta do processo.
A aprendizagem deixa de ser sinônimo de reter a informação e passa a ser a capacidade de utilizar a informação como matéria-prima, que, a partir de um processamento, se transforma em algo mais elaborado, refinado e com valor agregado.
Será necessário exercitar a capacidade de abstrair, sintetizar e contextualizar, percebendo as aplicabilidades, a partir de ideias gerais, conceitos, inspirações e divagações. Os sedentos por soluções estruturadas, com métodos construídos passo-a-passo e dicas práticas, que se cuidem. A aprendizagem concreta não diferencia!
O que está sendo valorizado é o processamento criativo, onde, a partir de uma palestra, um workshop, um livro, um vídeo ou qualquer outra fonte de inspiração e de conceitos universais, o profissional seja capaz de identificar os padrões, compreendê-los e criar novas práticas a partir desse aprendizado, muitas vezes propondo padrões diferentes, a partir do estudo dos padrões originais.
Quer um exemplo? Vamos começar por esse texto. A forma com que o conteúdo está aqui construído não oferece uma receita de bolo, com uma aplicabilidade já contextualizada à sua realidade, onde você deve apenas seguir o passo-a-passo e pronto. O texto oferece uma orientação mais universal, servindo como guia para que você utilize suas capacidades para digerir e decodificar esse conteúdo, compreendendo quais são os ensinamentos-chaves e, a partir deles, construindo drops de aplicabilidade, que poderão ser utilizados no seu cotidiano para desenvolver as habilidades aqui propostas.
Algumas pessoas, quando se deparam com esse tipo de texto, simplesmente dispersam ou travam. Outras, conseguem transformar essa inspiração em resultado, a partir de um processamento criativo.
As que dispersam e travam tem uma capacidade de aprendizagem mais concreta e cada vez menos valorizada. As que tem o poder de contextualizar esse conteúdo, transformando em algo prático e útil para o seu desenvolvimento, são as que possuem os pré-requisitos de uma nova inteligência executiva, que diferenciará os talentosos e bem-sucedidos dos demais.
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