Você acredita que os sentimentos (emoções e humores) desempenham um papel central no processo de liderança? Especialistas propõem que a inteligência emocional, a capacidade de entender e gerenciar emoções em si mesmo e nos outros contribui para uma liderança eficaz nas organizações.
A liderança está entre os tópicos mais pesquisados e debatidos nas ciências organizacionais. Uma ampla diversidade de abordagens para a liderança tem sido proposta. Pesquisadores analisam como os líderes são, o que fazem e como fazem, como motivam seus liderados, como interagem com as diversas situações e com as mudanças nas organizações.
Inclusive, estudiosos como Meindl (1990), sugerem que a liderança é mais uma criação na mente dos liderados do que uma característica daqueles que ocupam papeis de liderança.
Embora tenhamos aprendido muito sobre liderança com essa diversidade de abordagens, ela ainda permanece como um enigma em alguns aspectos. O papel das emoções no processo de liderança é um deles.
Essa relativa negligência não é surpreendente, pois a literatura organizacional tem sido dominada por uma orientação cognitiva, com sentimentos sendo ignorados ou sendo vistos como algo que fica no caminho da racionalidade e da tomada de decisão eficaz.
George e Bettenhausen (1990) descobriram que até que ponto o humor dos líderes influencia positivamente no comportamento social dos membros. Ou, negativamente, na taxa de rotatividade da equipe.
Identificaram, por exemplo, que grupos liderados por gerentes de vendas que tendiam a experimentar humores positivos no trabalho proporcionavam atendimento ao cliente com maior qualidade em relação aos grupos liderados por pessoas que tendiam a humor negativo.
O crescente número de profissionais explorando o papel das emoções em assuntos organizacionais sugere que o tema não é apenas mais um a ser considerado. Mas desempenha, cada vez mais, um papel central no processo de liderança.
Os sentimentos influenciam os julgamentos que as pessoas fazem, suas memórias, concepção de sucesso e fracasso, sua criatividade e raciocínio indutivo e dedutivo.
Quando estão de bom humor, por exemplo, suas percepções e avaliações tendem a ser mais favoráveis, pois lembram de informações positivas. São mais autoconfiantes, propensas a levar o crédito pelos sucessos e a evitar a culpa pelas falhas. São mais flexíveis nas atividades, criativas e úteis para a organização.
O estereótipo do tomador de decisão “racional”, capaz de deixar de lado seus sentimentos pessoais e friamente calcular o melhor curso de ações ainda é idealizado em muitas empresas. No entanto, Damasio e Goleman (1995), desestruturam essa imagem ao comprovar que o bom humor e sentimentos positivos afetam positivamente a tomada de decisões, criatividade e outras atividades cerebrais.
Embora as emoções muito intensas possam, certamente, interferir na tomada de decisões eficazes, a redução da emoção pode constituir uma fonte igualmente importante de comportamento irracional.
A inteligência emocional é a capacidade de perceber, acessar e gerenciar emoções. É conhecimento emocional, que possibilita regular, reflexivamente, os pensamentos e ações.
A inteligência emocional descreve, essencialmente, a capacidade de juntar emoções e raciocínio. Usando emoções para facilitar o raciocínio e o raciocínio inteligente sobre as emoções.
Inteligência emocional não implica apenas em estar ciente das próprias emoções, mas em usar essas emoções de forma funcional. Pois elas podem ser usadas para facilitar certos processos cognitivos, como criatividade, atenção e raciocínio indutivo. Pessoas em humor positivo tendem a ter percepções elevadas de seu sucesso futuro e autoeficácia.
Os líderes são, obviamente, seres humanos com toda a gama de humores e emoções potencialmente disponíveis. Tanto emoções positivas quanto negativas desempenham inúmeras funções na vida das pessoas. Da mesma forma, podem ser a causa de disfunções humanas.
Mas líderes que têm habilidades superiores de gestão das suas emoções podem usar isso de maneira benéfica no trabalho. Essa capacidade permite que influenciem e desenvolvam relações interpessoais positivas e eficazes com seus liderados.
Na liderança, a inteligência emocional representa não apenas a capacidade de gerenciar seus próprios sentimentos, mas também de compreender e lidar com os humores e emoções dos outros.
Adaptado de pesquisa de Jennifer M. George, PhD em Gestão e Comportamento Organizacional pela Universidade de Nova York. A versão online deste artigo pode ser encontrada aqui.