Representações sociais: Nós somente experienciamos e percebemos um mundo com o qual estamos familiarizados, isso significa que nós nunca conseguimos uma informação que não tenha sido distorcida (Brower, 1977).
Nossa maneira de pensar e o que pensamos depende das representações sociais. Nenhuma mente está livre dos efeitos de condicionamentos anteriores. Afinal de contas, nós pensamos através de uma linguagem, organizamos nossos pensamentos tanto através de representações como por nossa cultura. (Moscovici, 2015, p. 29-37).
As representações sociais em vez de um meio pelo qual conhecemos as coisas são um meio pelo qual construímos a realidade. Deixando uma marca tanto na linguagem quanto nas práticas, que pode se transformar em uma crença, estando por trás de posições claras e com valores firmes, sem questionamentos. (Moscovici, 1988).
O que está representado se impõe sobre nós de forma irresistível. Combinando uma estrutura que está presente antes mesmo de começarmos a pensar e de um pré-conceito que decreta o que e como deve ser pensado. Disso deriva o sucesso com que controlam a realidade de hoje, através da de ontem e, assim, sucessivamente, como uma profecia (Moscovici, 2007).
A interpretação sobre determinado assunto varia segundo os grupos sociais dos quais retiram suas significações. As implicações afetivas e normativas, as interiorizações das experiências, das práticas, dos modelos de conduta e de pensamento, socialmente inculcados ou transmitidos pela comunicação social, têm sua especificidade em seu caráter social. Bem como sobre os saberes anteriores, estando ligadas a sistemas de pensamento mais amplos, ideológicos ou culturais, a um estado dos conhecimentos científicos.
Assim como à condição social e à esfera da experiência privada e afetiva do indivíduo. Sendo as representações sociais abordadas, simultaneamente, como o produto e o processo de uma atividade de apropriação da realidade exterior ao pensamento e da elaboração psicológica e social da realidade (Jodelet, 2001).
Portanto, nenhuma mente está livre dos efeitos condicionantes da suas representações, linguagem ou cultura. (Moscovici, 2007).
Desta forma, interpretamos um mundo que jamais vimos. Nossas representações da realidade servem como a interpretação que substitui um sinal ou som que não ocorre naturalmente (Brower, 1977).
Logo, uma vez difundido e aceito este conteúdo, ele passa a ser parte integrante de nós, de nossas interrelações, nosso julgamento, nossa posição hierárquica social e nossos valores (Moscovici, 2015). Se ocorrer uma mudança de hierarquia, porém, ou se uma determinada imagem for ameaçada de extinção, todo nosso universo se prejudicará (Moscovici, 2007, p.38).
Ou seja, as representações sociais de um individuo participante de uma coletividade são influenciadas e, por consequência, os seus comportamentos, pois o próprio processo coletivo penetra, como o fator determinante, dentro do pensamento individual.
Todavia, quanto menos conscientes somos delas, maior se torna sua influência, e neste caso, a mente coletiva transforma tudo o que toca (Moscovici, 2007).
Além disso, a realidade é, para a pessoa, em grande parte, determinada por aquilo que é socialmente aceito como realidade (Lewin, 1948, p. 57).
Em suma, todas as interações humanas, surjam elas entre duas pessoas ou entre dois grupos, pressupõem representações, sendo tarefa principal da psicologia social, estudar suas origens e seu impacto. Quando estudamos as representações sociais, nós estudamos o ser humano, pois quanto mais inconscientes somos delas, maior se torna sua influência.(Moscovici, 2015, p.40-41).
Por Marcus Ronsoni, CEO da SBDC e Doutorando em Psicologia Social.
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