Sabrina Rocha Blauth, enquanto Gerente de RH na Melnick Even, uma das maiores incorporadoras do Rio Grande do Sul, fala sobre o programa de Mentoria Organizacional na empresa. O negócio conta com mais de três mil colaboradores, sendo referência em Recursos Humanos na construção civil e líder em imóveis de alto padrão no Estado.
Sabrina Blauth: Vimos a oportunidade em razão de alguns programas específicos na empresa, como o de Jovens Talentos. Percebemos que a mentoria era um instrumento importante para o desenvolvimento e que tínhamos gestores que, de fato, demonstravam interesse e possuíam competências importantes nesse sentido. Então estruturamos um programa interno. No primeiro ciclo de mentoria formal percebemos que existia um ganho importante, um bom retorno em relação ao programa, porém um esforço muito grande para quem fazia a mentoria, porque não contavam com um método. Isso exigia talento e dedicação muito maiores da parte dos mentores. Foi aí que conhecemos essa abordagem e metodologia.
Sabrina Blauth: Nosso macro-objetivo é que o programa contribua objetivamente no desenvolvimento de pessoas dentro da organização, mantendo uma cultura forte. Ao invés de trazer um profissional externo para preparar alguém dentro da nossa estrutura, percebemos que o programa de mentoria organizacional permite que os traços da própria cultura sejam disseminados.
Sabrina Blauth: De maneira geral, a percepção dos mentores é muito positiva em relação a ter um método. Ainda não temos o fechamento-objetivo dos resultados elencados neste ciclo, mas é consenso que essa base foi muito importante para a busca de resultados no processo de mentoria. Isso já conseguimos avaliar, são feedbacks de gestores que estão vivenciando o programa. Alguns mentores relataram que se sentiram um pouco mais “engessados”, mas que o método trouxe um ganho importante, no sentido de alinhar um jeito de fazer.
Sabrina Blauth: Acredito que, nos próximos ciclos, vamos avançar no domínio do processo, os gestores terão autonomia e liberdade para aplicar o método de forma mais flexível. No primeiro ciclo, todos estão seguindo a cartilha. Outro ponto desafiador é a dedicação em um programa desse nível, que tem um peso muito importante. Nossos gestores demonstram um desejo enorme de se dedicar e se envolver com o desenvolvimento de outros profissionais, mas quando vivem o processo sentem a carga que isso demanda, no sentido de preparação e disponibilidade.
Sabrina Blauth: O programa mostra o quanto as conversas relevantes promovem ganhos e desenvolvimento profissional. Outro aprendizado, como RH e mentora, é perceber o quanto a existência de um método nos dá segurança e permite buscar um crescimento objetivo em competências que estão sendo trabalhadas. Esse foi o grande salto que demos com esse programa.
Sabrina Blauth: Foi muito importante, até porque, como gestora, eu me deparo constantemente com desafios da minha equipe. A mentoria me trouxe outra visão e a oportunidade de contribuir no desenvolvimento de carreira de alguém que não está no meu escopo. Isso permite olhar as coisas de fora e ter mais liberdade de atuação. Destaco também a busca pela percepção de desenvolvimento, o esforço de provocar evidências, estimular o profissional a ser protagonista em suas ações. Claro que, como RH, vejo um pouco disso todos os dias, apoiando as demandas da empresa. Mas é diferente ter um papel específico com um profissional que encontra neste espaço conversas importantes, que realmente levam a provocações e ao desenvolvimento.
Sabrina Blauth: Que a alta direção compre a ideia. Deve-se identificar o desejo da empresa por um programa como esse. É o endosso, em nível de diretoria, que traz visibilidade e permite a soma de esforços. A mentoria não é um ponto isolado no desenvolvimento de um profissional, mas parte de um todo. Essa é a grande chave: não é possível ter uma ação de RH isolada, com uma demanda que somente o RH percebe.
*Essa entrevista está no nosso livro, Mentoring: Manual do mentor organizacional, escrito por Marcus Ronsoni, Petula Borges e Cássia Marques.*