A relação entre o mercado de trabalho e a maternidade começa geralmente no início da carreira de uma mulher. Muitas mulheres desejam ter filhos mas acabam optando por adiar o momento. Elas procuram se estabelecer na carreira primeiro. Afinal, é raro encontrar uma organização que dê suporte suficiente para que a mulher exerça as duas funções sem grandes prejuízos.
Temos ainda dois outros grupos: o primeiro composto por mulheres que decidem vivenciar a maternidade e somente depois de alguns anos começar uma carreira. E, o segundo, composto por aquelas que iniciam uma carreira e em determinado momento acabam tendo que pausar para maternar. Encontrando, posteriormente, grandes dificuldades para retornar ao mercado de trabalho.
Independente do grupo ao qual pertençam, é inegável a problemática envolvida neste tema.
Ter uma carreira e exercer a maternidade parecem ser decisões que simplesmente não convergem, embora essa seja a realidade da maior parte das mulheres hoje.
As mulheres estão inseridas no mercado de trabalho a partir do século XIX. Mas, em sua maioria, ainda ocupam cargos de menor responsabilidade e influência e têm maior dificuldade de ascensão. Esse cenário tem sido transformado aos poucos, mas ainda existe um caminho longo pela frente, principalmente pela importante diferença biológica entre homens e mulheres.
O corpo da mulher é e vai continuar a ser o responsável por gestar, parir, amamentar e cuidar de um bebê. E, por mais que outras pessoas possam ajudar nesse processo, o bebê é extremamente beneficiado quando tem cuidadores dedicados. E a mãe é a pessoa que tem a predisposição biológica para exercer esses cuidados.
A mulher exerce a maternidade por questões biológicas e sociais. E é imprescindível pensar na importância desse papel social. Ele é fundamental para a perpetuação da espécie humana e para a manutenção de valores éticos na sociedade. E é justamente na questão social que as organizações podem atuar.
As mães solo são as mais afetadas, já que não tem apoio para exercer a maternidade. Isso torna a sua expansão na carreira ainda mais difícil.
Por outro lado, mesmo aqueles homens que desejam exercer seus papéis de pais, encontram dificuldade pois a carreira acaba sendo uma prioridade. E, deixar de ir a uma reunião para estar em família, não é visto com bons olhos pelas organizações.
As organizações querem resultados e essa orientação para resultados, muitas vezes, impede que vejam as pessoas de forma plena. Levar em conta seus aspectos físico, mental e social, é extremamente necessário quando falamos sobre as milhares de mulheres que vão trabalhar, por exemplo, deixando um filho doente em casa. Ou das que colocam seu emprego em risco para cuidar desse filho.
Essa mesma orientação para resultados é o que faz a organização não empregar uma mulher que está gestante e dar ao homem somente de 3 a 20 dias de licença paternidade.
É urgente que as organizações entendam que vão gerar ainda mais resultado e lucro, caso olhem para as pessoas de forma biopsicossocial e não apenas como uma função a ser exercida e um salário a ser pago.
Se abrirmos os olhos para ver as pessoas com esse outro olhar veremos, tal como a Cristina Junqueira (co-fundadora do Nubank) disse, que “a mulher grávida é o mamífero mais eficiente do planeta Terra” . As empresas têm muito a ganhar ao contratar uma mulher que está gestando ou que pretende gestar, pois as capacidades dessa mulher estarão aumentadas, sem contar a importância social que gerar vidas tem.
Além disso, com a pandemia da Covid-19 foi possível observar que o trabalho remoto (Home Office) pode funcionar muito bem em muitas áreas. Ele pode ser uma alternativa para mulheres puérperas. E também para os homens que geralmente não tem a chance de participar dessa fase inicial da vida dos filhos. Essa fase costuma ser extremamente exaustiva para as mulheres e, se as tarefas forem divididas, pode se tornar muito melhor para ambos.
Existem ainda muitas outras ideias que podem ser utilizadas de acordo com a realidade de cada organização. Mas o que não podemos deixar de fazer é olhar para esse problema e procurar mudar o cenário atual. Dessa forma, as mulheres poderão exercer a maternidade com leveza e conseguirão conciliar esses dois trabalhos da melhor forma possível.