Há uma discussão vigente que atribui ao profissional a exclusiva responsabilidade pelo seu fracasso ou sucesso. Essa corrente de pensamento leva a crer que o indivíduo é o único agente no desenvolvimento de sua carreira, e cabe somente a ele se preparar para o futuro.
Marcus Ronsoni, diretor da SBDC, propõe essa discussão em seu doutorado em psicologia social. Para ele, uma organização que possui uma cultura voltada para o crescimento, onde as pessoas se sentem à vontade e percebem a própria necessidade de desenvolvimento, justamente porque são desafiadas, tende a ter colaboradores mais preocupados com sua carreira e o futuro profissional.
A pesquisa ainda está em andamento, mas já foi aplicada junto a profissionais de mais de 100 empresas e os resultados parciais são muito instigantes para que os líderes e o RH percebam a urgência de olhar as questões organizacionais a partir dos indivíduos. Isso porque observações, perguntas, ideias e preocupações dos funcionários podem fornecer informações vitais sobre o que está acontecendo no negócio.
São comuns os relatos de gestores sobre a dificuldade de contratar pessoas comprometidas, que “vistam a camisa”, se sintam donas do negócio e protagonistas dos resultados.
A pesquisa permite diversas correlações. É possível identificar, por exemplo, a diferença de percepção das pessoas em posições de liderança e dos membros da equipe. Ou o nível de motivação, senso de pertencimento e o olhar para a empresa de quem está há mais tempo e de quem foi contratado recentemente.
Nos resultados a seguir, consideramos a média mais alta e a mais baixa em cada fator. A visão dos respondentes em relação aos valores defendidos e as práticas reais do negócio, em muitos casos, é até mesmo contraditória!
Pode ser que, em alguns casos, a percepção negativa ou as ameaças notadas pelos colaboradores não sejam baseadas em fatos. Mas, mesmo que a liderança tenha a melhor das intenções, se não forem criados espaços de fala e um ambiente propício e seguro, a cultura do silêncio barra a inovação, colaboração, proposições e contrapontos.
Amy Edmondson define o que acontece nesse jogo corporativo:
“Pessoas no trabalho estão vulneráveis a um tipo de lógica implícita, na qual é melhor estar seguro do que arrependido. Se eles parassem para pensar com mais profundidade poderiam se dar conta de que erraram demais por causa da precaução, no entanto, na maioria das organizações, ainda é raro o estímulo a esse tipo de reflexão”.
Existem indícios claros de que a segurança psicológica influencia na aprendizagem e de que a cultura organizacional impacta no comportamento dos indivíduos.
Você, como líder ou profissional de RH, pode fazer um diagnóstico da sua equipe em relação à capacidade de adaptação e inovação.
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