Por MARCUS RONSONI
“Empreender Corporativamente é ser protagonista, liderando um processo de transformação positiva da realidade organizacional. É a capacidade de levar a instituição a novos patamares sustentáveis e a inovação é apenas uma das competências necessárias”.
Assim como existe uma forte tendência de restringir o empreendedor a sua ousadia, sua visão de oportunidade e a sua capacidade de materializar sonhos e ideias, o Empreendedorismo Corporativo desde Gifford Pinchot III, que utilizou o termo “intrapreneur” pela primeira vez em 1985, é avaliado de forma restritiva pela sua capacidade de inovar.
De forma alguma pretendo diminuir a importância da inovação para o futuro das organizações, muito antes pelo contrário, no entanto, não podemos mais entender o Empreendedor Corporativo como um cientista ou inventor trabalhando em um laboratório de novas ideias e soluções organizacionais.
Minha abordagem sobre o empreendedorismo tem um enfoque comportamental e de maior amplitude. Entendo que não se pode limitar o Empreendedorismo Corporativo a pura e simples inovação. Empreender Corporativamente é ser protagonista, liderando um processo de transformação positiva da realidade organizacional. É a capacidade de levar a instituição a novos patamares sustentáveis e a inovação é apenas uma das competências necessárias.
Existe um ponto de convergência entre as competências do Empreendedor Franco e o Empreendedor Corporativo que está no perfil comportamental traçado a partir da motivação pela realização trazida por David McClelland (1961):
“A necessidade de realização é o desejo da pessoa de atingir objetivos que lhe desafiem, em buscar fazer sempre melhor e mais eficientemente, em perseguir a excelência e em obter reconhecimento por suas conquistas.”
A necessidade de realização representa um interesse recorrente em fazer as coisas melhor, ultrapassando os padrões de excelência. Os indivíduos bem cotados neste motivo têm um forte desejo de assumir responsabilidade pessoal por encontrar soluções para os problemas e preferem situações em que obtém feedback acerca do seu desempenho (REGO & JESUINO, 2002).
McClelland (1997) considera que as pessoas que têm a necessidade de realização como motivadora, primeiramente focalizam o crescimento pessoal, em fazer melhor e preferencialmente sozinhas. Em seguida querem feedback concreto e imediato do seu desempenho, para que possam dizer como estão se saindo.
Nesse sentido, o próprio McClelland (1987), escreveu em “O Poder é o Grande Motivador” que as motivações dos gerentes melhores sucedidos, ou Empreendedores Corporativos, vão além da motivação de realização, pois esses possuem também uma moderada motivação pelo poder e uma pequena motivação de afeto (afiliação) o que intensifica sua capacidade de liderança. A moderada necessidade de poder e a pequena necessidade de afeto permite o desenvolvimento de competências de relacionamento interpessoal e de persuasão sem a excessiva dependência da aceitação/afeto.
Sendo assim, na atualidade Empreendedorismo Corporativo é a expressão de maior amplitude e profundidade para definir colaboradores de alta performance, por não se restringir a capacidade criativa e de inovação, nem as competências da liderança (relacionamento interpessoal e influência), tampouco restrito as competências do empreendedor franco (competências de resultado). Contempla todos os colaboradores, embora principalmente os executivos (top down), incluindo um olhar sobre seu engajamento (sentir-se dono), um interesse recorrente em superar-se e ter uma carreira bem sucedida, além de ser uma via de mão dupla, pois exige da organização um repensar da sua cultura e a manutenção de um clima organizacional adequado.